tag:blogger.com,1999:blog-21812029210813684572024-03-08T08:52:55.546-08:00PASTORAL LITÚRGICAParóquia São Geraldo Magelahttp://www.blogger.com/profile/12041975426744683483noreply@blogger.comBlogger1125tag:blogger.com,1999:blog-2181202921081368457.post-86685490669506739872007-06-29T04:23:00.000-07:002007-06-29T04:40:22.444-07:00V Encontro do Sub-Regional Leste II - Ritualidade e simbologia na liturgia<strong>LITURGIA COMO AÇÃO SIMBÓLICA<br /></strong><br /><strong>Situação, hoje<br /></strong><br />•Nós últimos anos, está havendo um esforço para que a celebração litúrgica recupere a sua expressão simbólica mais autêntica.<br />•Nossa liturgia é muito verbalista, centrada no livro e na Palavra.<br />•Herança que recebemos do judaísmo, considerado a “religião do livro”. Ex.: Escuta, Israel (Dt 6,4) bem como a proibição de imagens.<br /><br /><strong>Racional no culto</strong><br /><br />•Constamos que o racional e o discurso têm grande importância em nosso culto.<br />•Por outro lado, o visual e a expressão corporal significam muito pouco.<br />•No dia-a-dia a palavra é o primeiro sinal que empregamos para expressar idéias.<br />•Mas isso não basta para uma celebração que deve atingir e envolver o homem todo.<br /><br /><strong>Vaticano II e a Palavra</strong><br /><br />•A reforma litúrgica do Concílio Vaticano II revalorizou a Palavra.<br />•Com isso, ela adquiriu ainda mais destaque.<br />•Mas ao mesmo tempo o aspecto simbólico empobreceu-se como a linguagem, o movimento e os sinais.<br /><br /><strong>Críticas procedentes</strong><br /><br />•Contra isso, surgiram muitos protestos contra a excessiva simplificação dos elementos simbólicos por parte da nova liturgia. Muita falação. Muita munição. Muita oração sem presença das ações simbólicas.<br /><br /><strong>Destruição do simbolismo<br /></strong><br /><br />ØA. Lorenzer escreve contra os editores católicos na Feira de Frankfurt (1981) com o título: Congresso dos livreiros: a destruição do simbolismo.<br />ØNo livro sobre liturgia, lançado contra os livreiros católicos, acusa-os dizendo que destruíram a “significatividade” da liturgia.<br /><br />ØA “ingenuidade profissional-celibatária” dos padres deste congresso substitui a linguagem altamente simbólica por uma “informação racionalizada”.<br /><br />Ø Passou-se do culto sacramental e simbólico do Mistério para uma educação de predominância catequética, com a correspondente “sermonite”.<br /><br /><br /><br /><br /><br />•Os jovens e a religiosidade popular constituem outros fatores que induzem a uma reconsideração da dinâmica interior da liturgia.<br />•Buscam maior expressividade dos sinais e da linguagem simbólica.<br /><br /><strong>Volta aos símbolos</strong><br /><br /><br />•Símbolos estão no coração da liturgia.<br />•Sem eles não é possível celebrar.<br />•Durante muitos anos, eles ficaram como que desvalorizados, mal entendidos.<br />•Hoje, há uma redescoberta do valor dos símbolos e uma busca de aprofundamento de seu sentido na celebração.<br /><strong><br />Por que gestos e símbolos na celebração?</strong><br /><br />•A liturgia é por si uma celebração na qual prevalece a linguagem dos símbolos.<br />•Uma linguagem mais intuitiva e afetiva, mais poética e gratuita.<br />•Não é só conceito nem tem como objetivo apenas dar a conhecer e descrever.<br /><br />•A liturgia é uma ação, um conjunto de sinais “performativos” que nos introduzem na comunhão com o Mistério e nos fazem experimentá-lo, mais do que entendê-lo.<br />•É uma celebração memorial e não uma doutrina ou uma catequese.<br /><br /><strong><br />Símbolo caminho para o Mistério</strong><br /><br />•É a linguagem simbólica que nos permite entrar em contato com o inacessível: o mistério da ação de Deus e da presença de Cristo.<br />•O mundo da liturgia não pertence às realidades que terminam em “-logia” (teologia, por exemplo), mas em urgia (dramaturgia, liturgia).<br /><br /><br /><strong>Liturgia é uma ação...</strong><br /><br />•Liturgia é uma ação, uma comunicação plena, feita de palavras, mas também de gestos, movimentos, símbolos, ação.<br />•Celebração litúrgica é o ato litúrgico e ação da assembléia reunida, obra da Igreja, que não se limita à contemplação, mas que ilustra os conteúdos numa ampla variedade de ritos que realizam tudo aquilo que é objeto da celebração.<br />•Celebrar é agir sob forma ritual.<br /><br /><strong>Razão antropológica<br /></strong><br />•Existe uma razão antropológica neste apreço pelo sinal, rito e pelo símbolo.<br />•O homem é um ser constituído de tal maneira que realiza tudo a partir de seu espírito interior e de sua corporeidade:<br />•Não só alimenta sentimentos e idéias em seu interior, mas também os expressa exteriormente com palavras, gestos e atitudes.<br />•E isso não significa que o homem tenha sentimentos e, a seguir, simplesmente os expresse pedagogicamente, para que os demais sejam informados.<br />•Os sentimentos não são de todo humanos, nem completos, enquanto não forem expressos.<br />•Ou seja, a idéia, enquanto não se fizer palavra, não é realidade humana em sua plenitude.<br />•O homem não é uma dualidade “corpo e espírito”, mas uma unidade: é “corpo-espírito”, e é a partir de sua totalidade que se expressa e se realiza, com palavras e gestos.<br />•Então, na celebração litúrgica, o louvor não é plenamente nem humano nem cristão enquanto não soar na voz e no canto.<br />•Portanto, na ação ritual é necessário educar para o rito e estimular a compreensão do comportamento ritual.<br />•Não existe liturgia sem a ação ritual e simbólica.<br />•O sentimento de conversão e a resposta do perdão não se realizam de todo se não se manifestarem na esfera significativa:<br />•ou seja na esfera da Igreja, onde ressoa o “eu me acuso” e o “eu te absolvo”:<br />•uma ação sacramental, simbólica, significativa, que imprime o caráter de realidade no invisível e no íntimo que acontece entre Deus e o cristão.<br /><br /><br /><br /><br /><strong>Símbolo: categoria religiosa universal</strong><br /><br />•Símbolos e ações simbólicas são uma realidade universal. Nós as encontramos em todos os povos, em todas as culturas.<br />•Constituem uma forma de expressão e comunicação que ultrapassa a compreensão racional.<br />•Por isso, são capazes de dizer mais que simples palavras.<br />•Além de um grande número de símbolos, a quase cada página da Bíblia encontramos também sugestivas ações simbólicas como profecia.<br />•Estas últimas muito nos interessam para compreender melhor as ações simbólicas na liturgia.<br />•O homem se serve da linguagem simbólica, expressando e realizando com sinais e gestos corporais a comunhão religiosa com o Invisível,<br />•não só para sua própria expressão, ou para sua atividade social, mas também, e acima de tudo, para sua relação com a divindade.<br />•À primeira vista, trata-se de gestos simples e cotidianos: oferecer cafezinho, enviar uma flor, repartir o pão...<br />•Mas pelo processo de identificação, abrem caminho para a compreensão de um sentido mais amplo.<br />•Introduzem e nos fazem participar de uma realidade maior.<br />•A dinâmica dos sinais religiosos funciona de muitas maneiras: sacrifícios, palavras, cantos, objetos sagrados, ações, reverências, refeições, festas, templos...<br />•O sábado, para os judeus, é um símbolo que não só manifesta sua pertença ao povo eleito, mas também a alimenta e a realiza efetivamente.<br />•O gesto da imersão na água,<br />•tanto para os indianos no Ganges como para os egípcios no Nilo,<br />•tanto para os judeus no Jordão como para os cristãos no rito batismal,<br />•é um conjunto de ações e palavras que conformam uma celebração simbólica:<br />•a imersão em uma nova esfera. Em nosso caso: incorporação em Cristo, em sua nova vida, por meio da morte.<br /><br /><strong>Sentido teológico dos sinais<br /></strong><br />•Para os cristãos o motivo fundamental dos sinais é o teológico.<br />•O melhor modelo de atuação simbólica é Jesus Cristo.<br />•Em sua própria pessoa, Ele é a linguagem mais expressiva de Deus, que quer nos mostrar a sua aliança, sua proximidade e seu perdão.<br /><br /><strong>Sentido teológico<br /></strong><br /><br />•Jesus está reunido com seus discípulos para a ceia pascal. Levanta-se da mesa, tira o manto, põe uma toalha na cintura.<br />•Depois, coloca água numa bacia, lava os pés dos discípulos e os enxuga com a toalha que traz na cintura...<br />•Ele faz o trabalho e sua o traje de um escravo.<br /><br />•Jesus é o Senhor, mas à maneira de um servo, de alguém que presta serviço.<br />•É isso que Ele pede também dos seus: Se eu, o Mestre e Senhor, lavei seus pés, vocês também devem lavar os pés uns dos outros...<br />•No dia seguinte, Jesus morre crucificado, que era a forma aplicada aos escravos condenados à morte.<br /><br /><strong>Sinais como pontos de encontro<br /></strong><br />•Túmulo vazio, encontros no jardim, na praia, em casa; discípulos reunidos, palavra, pão e vinho, peixe, marcas das chagas nos pés e nas mãos... Sinais. Pontos de encontro com o Ressuscitado.<br />•A partir destes sinais que a comunidade faz memória de Jesus, celebra o mistério pascal e organiza a sua liturgia.<br /><br /><strong>Encontros de comunhão</strong><br /><br /><br />•Na última ceia com seus discípulos, antes de sua morte, Jesus tomou o pão, tomou o cálice com vinho, deu graças, partiu e deu a seus discípulos, dizendo:<br />•Tomem e comam, tomem e bebam ... Isto é minha vida que entrego ao Pai, ao favor de vocês, para a salvação do mundo...<br />•Todos comem e bebem, e assim, se comprometem a continuar a mesma atitude de entrega do Mestre.<br />•No dia seguinte, o gesto de entrega total ao Pai se consuma na cruz: Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito...<br />•Todas as vezes que comemos do pão partilhado e bebemos do cálice, em memória de Jesus, o Espírito toma conta de nós e nos dispõe a seguir o caminho do mestre, confiando que o gesto de doação total, de amor incondicional, seja caminho de salvação para a humanidade inteira.<br />•O gesto cotidiano de sentar juntos à mesa, agradecer a Deus, comer e beber juntos, partilhar o alimento...,<br />•é assumido por Jesus para expressar todo o sentido profundo de sua vida doada por amor ao Pai e aos irmãos (1 Cor 11,23-26; Lc 22,14-20)<br /><br /><strong>Sentido teológico dos sinais</strong><br /><br />•Cristo é a melhor linguagem da humanidade em sua resposta a Deus: nosso louvor e nossa fé permaneceram plasmados em Cristo, Cabeça da nova humanidade.<br />•Por isso, se diz que Cristo é o sacramento do encontro com Deus.<br />•São Paulo aos coríntios diz: Cristo é o “sim” mais claro de Deus aos homens e também o “sim” mais concreto dos homens a Deus.<br />•Cristo utilizou a linguagem dos gestos simbólicos em sua atividade salvadora: palavras, ações, contato de suas mãos, o seu olhar, os milagres...<br />•E continua a realizá-lo no sacramento global que se chama Igreja.<br />•Para nos proporcionar alimento e fortaleza pensou na ação simbólica do alimento eucarístico;<br />•Para fazermos nascer para uma nova vida, quer que recebamos o banho batismal da água...<br />•Por isso, a liturgia, tanto pelo sentido humano como pela teologia da encarnação, tem nos sinais e nos símbolos uma realidade fundamental como expressão e presença do Mistério e de comunhão com Ele.<br /><br /><strong>Sinal e símbolo<br /></strong><br /><br />•As celebrações precisam ser vistas na perspectiva dos símbolos ou melhor das ações simbólicas.<br />•Pois, o sinal aponta para algo exterior a si mesmo: fumaça indica existência de fogo; semáforo verde nos faz saber que já podemos passar...<br /><br /><br /><br /><br /><strong>SINAL</strong><br /><br />•O sinal não “é” o que significa, mas sim o que nos orienta, de um modo informativo para a coisa significada. É uma espécie de “mensagem” que designa ou representa outra realidade.<br /><br /><strong>Ação simbólica</strong><br /><br />•A ação simbólica produz à sua maneira uma comunicação, uma aproximação.<br />•Tem poder de mediação, não só prática ou racional, mas de toda a pessoa e da realidade com a qual se relaciona.<br />•Para felicitar o aniversariante poderíamos só usar palavras, mas normalmente recorremos a uma linguagem simbólica: presentes, bolo, velas, canto do parabéns...<br /><br /><strong> Alcance do Símbolo<br /></strong><br />•Símbolo (sym-ballo: re-unir; pôr junto duas partes de uma mesma coisa, que se achavam separadas) indica união e cria relação comunicativa.<br />•Ou seja, o símbolo estabelece identidade afetiva entre a pessoa e uma realidade profunda que não se consegue alcançar de outra maneira senão pela ação simbólica.<br />•Temos símbolos identificadores de grupos, de times, de partidos políticos ou mesmo agrupamento religioso.<br />•Tudo isso fica mais claro quando nós cristãs celebramos a liturgia.<br /><br /><br /><br /><strong>Sentido do símbolo</strong><br /><br />•A imersão na água, no contexto batismal, adquire densidade muito grande: palavras, leituras, orações, fé dos presentes dão ao gesto simbólico, não só uma expressividade intencional, mas no fato sacramental,unem com eficácia à ação de Cristo, à fé da Igreja e à realidade da incorporação de um novo cristão à vida nova do Espírito.<br /><br /><strong>Eficácia do símbolo</strong><br /><br /><br />•Não é rito mágico que atua por si independente do contexto celebrativo.<br />•Não é apenas um gesto nominal ou meramente ilustrativo.<br />•A ação simbólica não é eficaz pelo modo físico ou metafórico, mas simplesmente pela eficácia que o símbolo possui.<br /><br /><strong>Símbolo é relação de comunhão<br /></strong><br /><br /><br /><br />•E assim acontece com todos os sacramentos e com as diversas celebrações do ano cristão, repleto de gestos simbólicos com os quais Cristo, a Igreja e cada cristão expressam e realizam sua mútua relação de comunhão.<br /><br /><br /><br /><br /><strong>Sentido espiritual<br /></strong><br />•Por isso, símbolos e ações simbólicas são sinais significativos que estabelecem uma comunicação, uma comunhão entre pessoas, para além da comunicação baseadas em idéias ou sentimentos.<br />•O bolo que se corta no aniversário e se come vem carregado de um significado que vai além das coisas materiais.<br /><br /><strong>Símbolos realizam o que significam<br /></strong><br />•O bolo ou as flores expressam amizade, consideração, admiração, alegria.<br />•São eficazes: realizam aquilo que significam, fortalecem as relações entre as pessoas envolvidas.<br />•Impossível nos relacionar, impossível expressar nossa realidade profunda, nossa realidade mais íntima, sem usar símbolos e gestos simbólicos.<br /><br /><strong>Símbolos com sinais do cotidiano</strong><br /><br />•Na celebração litúrgica, os símbolos e ações simbólicas se fazem com “sinais sensíveis” do nosso cotidiano, de nossa cultura, mas que vêem carregados de um significado relacionado com nossa fé.<br />•Sempre se referem àquilo que celebramos em todas as celebrações litúrgicas: O mistério Pascal de Cristo e nossa participação neste Mistério.<br /><br /><strong>Símbolos são eficazes<br /></strong><br />•São eficazes: realizam o que significam (cf. SC 7).<br />•Na eucaristia: fazemos o que Jesus fez e mandou fazer:<br />•tomamos o pão e o vinho, damos graças, partimos o pão, comemos e bebemos.<br />•Trata-se de gestos humanos, cotidianos e culturais.<br /><br /><br /><strong>Símbolos sinais sensíveis mas que levam para além....</strong><br /><br />•São “sinais sensíveis”, coisas que podemos alcançar com nossos sentidos; coisas que podemos ver, ouvir, sentir, apalpar, cheirar... Coisas que passam pela nossa corporeidade.<br />•No entanto, referem-se a outra realidade que não está ao alcance de nossa sensibilidade nem mesmo de nossa racionalidade.<br /><strong><br />O mistério da doação</strong><br /><br />•O mistério da doação total de Jesus até a morte e sua glorificação por parte do Pai, expressas nas palavras que acompanham o gesto:<br />•isto é meu corpo que será entregue por vós..., este é o cálice do meu sangue... que será derramado... Eis o mistério da fé.<br /><br /><strong>Símbolos são memória</strong><br /><br />•Aos repetirmos ritualmente os gestos e palavras de Jesus, o sentido a que se referem é ativado e atualizado.<br />•Somos identificados ao Cristo em seu rebaixamento e glorificação, em sua morte e ressurreição.<br />•Morremos e ressuscitamos com Ele. Livremente entregamos nossa vida ao Pai juntamente com a vida de Jesus. O Pai nos glorifica juntamente com seu Filho.<br />Nos símbolos o mistério pascal acontece para nós e em nós<br /><br /><br />•E o Mistério Pascal acontece para nós, em nós, dando sentido a toda a nossa vida enquanto cristãos.<br />•A ação simbólica expressa o sentido, manifesta a realidade mais profunda da experiência humana que se tornou patente na pessoa de Jesus, principalmente em sua morte na cruz.<br /><br /><strong>Símbolo encontro com o Ressuscitado<br /></strong><br />•Então, o sinal litúrgico, a ação sacramental, não é um ato isolado do resto da vida, mas sua máxima expressão.<br />•O sacramento deixa de ser um “instrumento da graça” para se tornar um encontro, aqui e agora, com o Ressuscitado que, com seu Espírito transformador, renova a nossa vida.<br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><strong>Símbolo manifesta a dimensão sagrada da criação</strong><br /><br />•Deixa de ser um sinal “sagrado” separado do profano, para ser um sinal que manifesta a dimensão sagrada de toda a realidade criada.<br />•A capacidade simbólica do homem não consiste em dizer ou fazer certas coisas, mas em ver todas as coisas de uma determinada maneira: na sua “integração” global e significativa.Paróquia São Geraldo Magelahttp://www.blogger.com/profile/12041975426744683483noreply@blogger.com1